A história narrativa proferiu importante crítica aos estudos históricos mais estruturais mostrando como a imposição de determinados modelos limitava a compreensão de certos processos que pediam análises menos gerais e olhares mais específicos. Nesse sentido, a história narrativa contribuiu enormemente de modo a rever os limites do antigo olhar estrutural e, ao mesmo tempo, desferiu golpe considerável nas visões historiográficas ditas mais tradicionais. Contribuição importantíssima para a reflexão e os estudos históricos. Contudo, apesar das importantes contribuições desta crítica, esses encaminhamentos foram apropriados por determinadas correntes que apontaram para soluções menos sintéticas e mais relativistas.

Diante desses encaminhamentos, propomos um diálogo contínuo com os debates estruturais, levando em consideração todas as críticas existentes, mas buscando uma compreensão mais problemática, processual e sintética do passado de modo a informar nossos estudos analíticos. Ao contrário de nos situarmos numa direção absolutamente analítica e narrativa, vislumbramos pensar o particular sempre em função de reflexões sobre ideias socialmente compartilhadas, sobre ações de sujeitos no interior de instituições, corporações, redes ou individualizados em determinados contextos e, ainda, a formulação de conceitos ou o uso de categorias para abordar as realidades que as pesquisas na linha abrangem, usando os deslocamentos do estudo do particular para a recomposição de novas imagens de síntese.

Nesse sentido, a linha propõe um retorno “atualizado” aos debates estruturais, levando em conta as discussões feitas, mas com a preocupação de não aceitar chaves analíticas relativistas e não dialéticas. Assim, procuramos pensar e refletir sobre as estruturas de uma perspectiva não tradicional, buscando compreender processos – macros e micros – que tradicionalmente não foram pensados ou estudados pelos estudos de síntese e pela macro-história, como aqueles negligenciados por uma tradicional historiografia marxista, fundada na centralidade dos estudos econômicos. Atribuímos igual peso aos estudos políticos e culturais, nos permitindo pensar os diferentes processos a partir de dinâmicas não tradicionalmente levadas em conta. Intencionamos, além disso, subordinar as análises à reflexão das sínteses para, deste modo, buscarmos entabular novas leituras sem perdermos de vista os processos estruturantes. Dito de outra forma, compreendemos que nenhum estudo analítico pode ser separado na sua relação com processos sintéticos ou estruturais.

Com base nesses pressupostos teórico-metodológicos, partimos de três conceitos articuladores da linha, que são o de Estado, o de Sociedade e o de Cultura. A partir desses conceitos, almejamos analisar os mais distintos processos específicos sem perder de vista os diferentes processos estruturantes, buscando sempre produzir deslocamentos interpretativos.

Para além disso, a linha traz um recorte cronológico para refletir sobre ele e não para separar exclusivamente os eventos dentro de uma temporalidade. Nossos estudos se situam desde o final da Idade Média até o Oitocentos – com uma visão espacial bastante ampla – preocupamo-nos com o importante diálogo entre processos globais e locais. Assim, buscamos debater e estudar processos políticos, administrativos, sociais, econômicos, religiosos e culturais neste recorte. Além disso, atentamos também para os debates sobre os diferentes usos do passado e da tradição dos processos vividos no recorte temporal privilegiado pela linha, o que, de muitas formas, possibilita, ainda, o estudo da permanência de processos oriundos desta temporalidade situados em outras épocas, mais contemporâneas.

Diante disso, a linha se subdivide em três grandes vetores de pesquisa, os quais são: (1) uma abordagem política; (2) uma abordagem socioeconômica; e (3) uma abordagem cultural.
 

Propomos uma subdivisão, pela elaboração de eixos temáticos, no interior da linha 4, de modo a afinar o trabalho e as práticas acadêmicas dos professores lotados na linha de pesquisa Estado, Sociedade e Cultura. Acreditamos que a linha possa ser dividida em dois grupos distintos de trabalho constituídos em função do modo como os professores organizam as suas atividades de pesquisa.

Por um lado, uma parte importante da linha se ocupa de temáticas baseadas e voltadas ao estudo da Economia, da Sociedade e da Cultura, com pesquisadores que se debruçam nas trocas comerciais, no fenômeno das guerras e nas representações culturais. Por outro lado, parte da linha ocupa-se do estudo da Religião, da política e da sociedade na Época Moderna numa perspectiva de estudos sobre os intelectuais e os saberes produzidos, as ideias políticas que lastreavam autoridades e as interações entre os grupos sociais.

Tendo essa distinção em mente, propomos a subdivisão da linha, como dissemos, em dois eixos temáticos, a saber:

  1. Eixo temático Economia, Sociedade e Cultura– Voltado ao estudo dessas temáticas e de outras temáticas afins a partir de uma perspectiva de história social e de história social da cultura. Membros:
    1. Gustavo Accioli
    2. Bruno Miranda
    3. Kleber Clementino
  2. Eixo temático Religião, política e sociedade – Voltado ao estudo dessas temáticas e outras afins a partir de uma perspectiva de história intelectual, política e social. Membros:
    1. Bruno Martins Boto Leite
    2. Jeannie Menezes
    3. Suely Almeida
    4. Gian Melo